quinta-feira, 26 de junho de 2008

O show sem espetáculo da Europa


O futebol pode mesmo refletir a sociedade onde é praticado. Pode exemplificar a civilização, o modo de vida enfim, do lugar onde acontece. Na Eurocopa 2008, vemos o espelho do continente na competição. Toda a pompa que exige um torneio entre seleções de primeiro mundo pode ser notado. Estádios luxuosos, confortáveis e seguros, cidades-sede das partidas com infra-estrutura de dar inveja, capaz de receber e muito bem, torcedores e turistas de todas as nações participantes. Uma pirotecnia usada nas cerimônias que demonstra o poderio financeiro dos europeus. Dão show. Mas o espetáculo mais esperado de todos, o feito dentro das quatro linhas, não passa de uma chatice. Uma ópera desafinada.
Os esquemas de quase todos os times são parecidos, retranqueiros. Os talentos são raros e coibidos com ríspidas jogadas muitas vezes. A falta de técnica fica evidente nos embates, que chegam a dar sono no cidadão postado em frente a TV. Os europeus sabem se vender muito bem, nos fazem engolir um campeonato sem brilho, sem emoção e ainda sim nos empolgar por os estarem vendo em campo. Itália contra França!! Que baita jogão! Mais parecia uma dose forte de calmante.
Eu me pergunto. Estará fadado o futebol europeu a essa escassez de técnica para sempre? Enquanto os cartolas do velho mundo tiverem como política prioritária assediar nossos talentos infantis, muitas vezes sem que os meninos tenham chegado sequer a puberdade, sim. Não é a toa que toda vez se abre a janela de transferências milhares de sulamericanos, e principalmente brasileiros, sejam seduzidos pelos valiosos euros que moram do outro lado do Atlântico. A FIFA, entidade máxima do futebol, tenta moderar esse câmbio, limitando em cinco o número de estrangeiros por time na Europa. O que convenhamos, deixaria bem menos interessantes, os milionários campeonatos de lá. Com toda a pujança econômica que possuem deveriam investir em seus próprios garotos, suas raízes. Para que no futuro possam colher frutos vistosos na grande feira que é o futebol, logo ali, em seus quintais.


Se quase todas as equipes européias são igualmente ruins, a Espanha não é. Com seu futebol técnico e ofensivo, a Fúria, como é carinhosamente chamada, encanta seus torcedores e simpatizantes. Como um grande time, começa com o bom goleiro Casillas, passa é verdade pelos brucutus Puyol e Sergio Ramos na defesa, mas tem no meio-campo grande força, com o futebol leve e sofisticado de Xavi, de Silva e do reserva titular Fabregas. No ataque duas peças raras, Fernando Torres e Villa. Talentos afinados e com faro de gol. Se não cair nas artimanhas do mecânico futebol alemão, os espanhóis darão um sinal de alento ao pobre futebol do velho mundo.

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