O rebaixamento é o fantasma, o maior temor de todo time, mais ainda daqueles do nível mais alto do futebol brasileiro, da série A, e o destino deles é a segundona. Pender na tabela aterroriza muitas equipes, mas principalmente as pequenas, que recém provaram da fruta, depois de um jejum, um celibato ecumênico, e essa é a hora de se reafirmar. Mas o nível do Campeonato é outro, a qualidade dos adversários, com maior poder financeiro e melhor planejamento, muitas vezes também. Isso dificulta a ascensão dos ascendentes, porém não pode-se dizer que esses são inferiores. Tanto é que o objetivo maior, de todo o time brasileiro, chegar a libertadores, onde só são aceitos 4 times do brasileirão, foi conquistado por dois times da segunda divisão, em dois anos consecutivos, através da Copa do Brasil. Santo André, campeão da Copa do Brasil, em 2004, e o Paulista, em 2005. Ou seja, o que os outros 16 times da primeira divisão não conseguiram, eles, humildes postulados de secundistas, o fizeram.
O Ipatinga é o mais novo participante da elite do Campeonato Brasileiro, mas até quando? O time recém chegou, está engatinhando. Muitos dizem que não deveria ter nem subido, e que no ano que vem já estará de novo no seu lugar, como o América-RN, que fica nesse sobe e desce. É a velha hierarquia do esporte e de times que se acham acima desse patamar e jogar na segundona seria ultrajante. E por que Não?! Quantos times multi-campeões já caíram e se levantaram mais fortes ainda? Será que é tão terrífico deixar o status, as grandes competições e jogar torneios com menos glamour, dinheiro, mas não menos disputados, pegados, com muito mais garra, muitas vezes, que o "futebol de primeira classe". Palmeiras, Grêmio, Fluminense, Botafogo, Atlético Mineiro, são exemplos de equipes consagradas do futebol nacional e, se tratando de alguns, mundial que estavam mal das pernas e foram rebaixados. Nem por isso, fecharam as portas, deixaram de jogar futebol. Ao contrário de muito time que tem mania de ser superior, eles foram viram e venceram. E depois retornaram tão campeões e fortes como já eram antes. Não ficaram escondidos atrás de clemência e interesses de emissoras para permanecer de pé, ano após ano, num cai não cai à beira da amargura.
O que acontece, é que times como Flamengo, Corinthians, que dependem do poder que sua torcida exerce sobre as transmissões de jogos, o que faz com que seja de total de desinteresse da Globo que o time seja rebaixado, passam anos a fio numa pindaíba, na maior tristeza, sem ganhar nada, o torcedor a ver navios, e ainda acham que estão na vantagem. Enquanto um tal de Paysandu, que em 2000 estava na série C, ascendeu em 2001 para a primeira divisão, campeão da segundona, e chegou às oitavas da libertadores contra o boca, em 2003. Um São Caetano, que elevou-se à nata futebolística, em 2000, vice-campão do tal chamado futebol de várzea, em 2001 era o segundo colocado, também, do campeonato principal do país e em 2002 chegou à final da Libertadores da América contra o Olímpia. O Grêmio, rebaixado em 2004, em 2005 foi campeão da competição, num episódio da história do futebol, diriam muitos, epopéico, a conhecida "Batalha dos Aflitos". A importância dessa vitória ganhou uma conotação especial para os gremistas, que comemoraram como se tivessem ganhado um mundial. Em 2006, encerrou na competição principal do país em terceiro lugar, e em 2007 já protagonizava uma final de libertadores, contra o Boca Juniors.
Ou seja, até aonde vale ficar em cima de uma mediocridade estacionada. Nem tomba, nem levanta. No final das contas, se ganha levando tombo e se erguendo, jogando e melhorando, do que décadas de futebol ordinário, esperando uma solução cair do céu. Conforme esse sobe desce vai ocorrendo, e há a participação de conceituados clubes nas divisões debaixo, uma miscigenação vai ocorrendo, se minimiza as diferenças de classes no futebol, o que deve acontecer com certeza. Por que a falta de atenção, de recursos, de condições, de salários decentes no futebol ainda é um entrave ao descobrimento e persistência de mais talentos. Além da falta de reconhecimento brutal ao trabalho dos menos favorecidos.
A magia e o delírio do futebol não tem raça, não tem cor, não tem nome e nem categoria.Acaba mais um campeonato brasileiro, o Corinthians está em situação crítica, mas se ele descer, certamente será um ótimo reforço à seleção de paladinos, morejadores que marcaram presença na segundona, e com muito esforço, por que não é fácil, terá a honra de se sagrar campeão do Brasil, pela série B. Ahh, Portuguesa, Coritiba- vencedor da edição mais recente-, vitória, sejam bem-vindos! E que o Ipatinga tenha muito sucesso na sua nova empreitada.
Felipe Ravizon
quinta-feira, 6 de março de 2008
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