quarta-feira, 1 de julho de 2009

O futebol no Marinha tinha um goleiro

Em meados da década de 1990 (entre 95 a 97), eu e alguns amigos, lá do bairro Medianeira, começávamos nos finais de semana, porém, sempre no cair da tarde e início da noite, a bater uma bolinha no Parque Marinha do Brasil. Na verdade, isso não faz muito tempo não. E, sim, um pouco mais de 10 anos. Mesmo assim, eu tenho uma leve impressão de que foi ontem, que nos encontrávamos e saíam todos para lá nos divertir. Contudo, jogar bola é isso: diversão. Era o que nós fazíamos e bem, eu e meus amigos.




Então, lá no Marinha, haviam algumas quadras de futsal, todas de cimento, é claro. A partir deste instante, todos nós entravamos em quadra e aquecíamos ali. Enquanto isso, uns três ou quatro amigos saíam de lado, pois eles disputavam no par ou ímpar para ver quem deles começaria a escolher as equipes.






Normalmente, quem sempre escolhe são os goleiros. E entre nós, não era diferente. Eram os goleiros. Sim, sempre eles, os goleiros, os responsáveis pelos times, independentemente, se fosse dar certo ou não nos jogos que começariam em seguida.






Um desses goleiros era o João. Para nós, Joãozinho. Assim que ele era chamado lá na rua por nós. Mas, também, era chamado de “negrinho”, porém esse apelido é de família, principalmente, de sua vó (que me foge o nome – perdão galera). Ela, a vó de João, tinha o costume de chamá-lo para ir pra casa, assim que o sol se perdia pra lá das bandas do Rio Guaíba, quando estávamos nós ali na rua, brincando ou falando besteiras. Ela, quando o chamava, entoava um grito. Mas um grito de carinho ao neto:






- Olha o sereeeno Negrinho... Vem já pra casa!






E não é que o João ia. Ele ia embora subindo a lomba, meio que saltitante. Às vezes, João ia chateado, de cabeça baixa, por ter que ir embora para a sua casa. Eu e outros amigos riamos daquilo, enfim, nós achávamos engraçado. Eram risos de brincadeira com o João. Ainda bem que ele levava na boa. Na verdade, o Joãozinho era, contudo, um amigo de todos da rua e um dos mais velhos e inteligentes daquela gurizada. Ah, isso ele era e sempre foi: “velho” e inteligente.






Mas, quanto ao futebol no Marinha, o João era sempre um deles que escolhia os colegas que jogariam com ele. Um time, que quisesse vencer seus jogos, tinha sempre de começar por um goleiro. E esse goleiro, sem duvida, era ele, o Joãozinho.






Às vezes, vale ressaltar, ele escolhia bem. Porém, quando escolhia mal, deu para ele, a galera não perdoava mesmo e, dessa forma, pegava-o no pé dele durante toda a semana e, assim, até o próximo “findi”.






Por ora, devo lembrar ainda que, João atacava muito no gol. Mas só quando o mesmo queria. Também lembro que ele tomava uns frangos. E eu, é claro, sempre reclamava e xingava-o, na verdade.






Como também, quando ele defendia umas bolas indefensáveis, eu comemorava e cumprimentava-o. Quando isso acontecia, eu lembro que sempre vibrávamos, como também, vibrávamos quando eu desarmava o adversário ou marcava um gol - ou golaço.






Vencemos, eu e o Joãozinho, muitos daqueles jogos no Marinha. Perdemos, também. Mas muito pouco. Nós, daquela gurizada do bairro, éramos diferenciados. Isso que ambos eram e são de verdade. Ainda mais quando jogávamos juntos, pois nós percebíamos no time adversário um nervosismo, e até mesmo, antes da bola rolar. E, quando ela rolava, sabíamos bem o que aconteceria. Como acabou e muito acontecendo naquele tempo: defesas de João, e eu, marcando gols. Resultado final: diversas vitórias para nós e muita festa.








Em suma:


É o que o Internacional precisará fazer, hoje à noite, contra o Corinthians no estádio Beira Rio: se defender bem e atacar o time paulista o tempo todo. O goleiro Lauro terá de agarrar tudo lá atrás, e enquanto o atacante Nilmar, terá de fazer os gols lá na frente. E, no mínimo dois gols pra levar a decisão para os pênaltis. Se fizer três gols, melhor. Se não fizer isso, de nada adiantará.






Portanto, se isso acontecer, de fato, os colorados poderão comemorar mais um título e mais uma taça na sua história, e ainda mais, no ano do seu centenário. Aí sim, os vermelhos farão a festa. Assim como bem fizeram na história relatada acima, esse que vos escreve e o amigo João. Boa sorte ao INTERNACIONAL!!!





Abraços, Daniel Miranda...

2 comentários:

Cleidi disse...

É, não deu pro Inter (nem pro Grêmio!)... Mas valeu a pena ler teu texto, Dani! Cara, como essa época era boa. Eu jogava futebol e, na escola ou no grupo de amigas, esse processo de escolha do time era bem parecido com o que você relatou. Cheguei até a me lembrar da ansiedade e do friozinho na barriga que dava para ser uma das primeiras escolhidas! hehehe

Beijos!
E olha o sereeeno, negrinho!

Unknown disse...

baita perna de pau!!!