segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

O ano das surpresas, 2009: o ano das conquistas?

Quando o árbitro Luís Antônio Silva Santos encerrou a partida entre Grêmio e Atlético Mineiro no último domingo, no Estádio Olímpico, o torcedor gremista viu acabar uma temporada cheia de surpresas. Um ano que começou com desconfianças, eliminações precoces e que se encerrou com um vice-campeonato nacional, vaga direta para a Libertadores e uma grande expectativa para o próximo ano.

Quando 2008 iniciou o Grêmio já não tinha mais Mano Menezes, treinador que comandou a equipe de 2005 a 2007, procurou-se então um treinador novo, com vontade de ganhar,com identificação com o clube.Era o caso de Vagner Mancini,ex –jogador do Grêmio na década de 90, que havia feito ótimas temporadas treinando o Paulista de Jundiaí. E foi com ele que o Grêmio montou seu elenco para as primeiras competições do ano, Gaúchão e Copa do Brasil. As contratações não foram empolgantes, sendo que os principais nomes da equipe eram Eduardo Costa, remanescente de 2007 e Perea, atacante colombiano trazido da França. Porém os resultados dentro de campo eram os melhores possíveis, mesmo que as atuações não fossem as ideais.

Mais ou menos na metade do turno do Campeonato Gaúcho ocorreu a primeira surpresa para o torcedor. Com uma campanha invicta nas duas competições que disputava o treinador Vagner Mancini foi demitido pela direção gremista, ainda composta pelo ex-diretor de futebol Paulo Pelaipe. Sem nenhum indicativo para a demissão do treinador, apareceram questões de divergências internas como explicação para a troca do comandante. Até hoje não se tem certeza dos fatos que ocasionaram a demissão, mas o ex-diretor de futebol teria dito à imprensa que Vagner Mancini “não queria contar com Rafael Carioca no time profissional porque ele era muito marrento”, o que desagradou Paulo Pelaipe que já não gostava do estilo de trabalho do treinador. Rafael Carioca que no final deste ano foi considerado por todos um dos principais jogadores do time, inclusive premiado como o segundo melhor volante do Brasil, em votação realizada pela CBF.

Para substituir Vagner Mancini o Grêmio decidiu contratar Celso Roth, a segunda surpresa do ano. Com três passagens pelo tricolor, Celso Roth está longe de ser uma unanimidade entre a torcida. Com fama de teimoso e retranqueiro Celso não usufrui de uma boa imagem no Rio Grande. Por isso, o índice de rejeição quando da sua contratação beirou os 90% . A direção defendia o treinador apontando a qualidade que ele tinha para montar uma boa estrutura defensiva e que se tratava de um motivador. Pois o Gaúchao continuou muito bem para o Grêmio até as quartas - de –final, quando enfrentou o Juventude. Esta foi a terceira surpresa de 2008. O Grêmio foi eliminado dentro do Olímpico, após ter vencido a primeira partida da fase fora de casa. Nesse jogo, fortes reclamações ocorreram por parte da torcida, em virtude da escalação do time. Celso Roth havia feito uma modificação nas laterais do time, algo inédito na temporada. Pois bem, o Gaúchão já tinha sido perdido, restava agora a Copa do Brasil que ainda estava no seu início, normalmente contra times inferiores. E este foi o caso, pela segunda fase da competição o Grêmio tinha pela frente o Atlético Goianiense, com a segunda partida no Estádio Olímpico. Aí ocorreu a quarta surpresa do ano. Depois de um primeiro jogo lá em Goiás com fraca atuação, mas resultado nem tão ruim assim, o Grêmio jogou em casa precisando de uma vitória simples para passar de fase. Acabou eliminado nos pênaltis pelos goianos. Após esse jogo a torcida perdeu a paciência com o treinador e com a direção de futebol. A inconformidade com os resultados era enorme e mudanças eram exigidas.

E o Grêmio chegou a conclusão que realmente era hora de mudar alguma coisa no futebol do Grêmio. Depois de muitas reuniões a direção anunciou a troca no departamento de futebol, saindo Paulo Pelaipe e entrando André Krieger que nem faz parte da mesma corrente política do então presidente Paulo Odone. Esta nova diretoria então decidiu continuar apostando em Celso Roth, mesmo sendo criticada diariamente por torcedores e pela imprensa. A meta agora era preparar o time para a disputa do Campeonato Brasileiro e fazer uma campanha no mínimo digna da grandeza do clube. Sem condições de fazer grandes contratações o Grêmio investiu nas categorias de base e na contratação de jogadores que já haviam passado pelo tricolor, casos de Tcheco e Marcel, por exemplo. Nesse período o time realizou inúmeros amistosos visando o início do campeonato e na maioria deles as atuações não foram das melhores.

Após o primeiro jogo do Brasilierão, vitória contra o São Paulo, no Morumbi, o torcedor gremista já via um espírito diferente na equipe tricolor. Essa foi a quinta surpresa do ano. Além da alteração do esquema, do 4-4-2 para o 3-5-2, o time demonstrava uma vontade enorme de apagar a péssima imagem deixada nos primeiros meses do ano. Com um futebol agressivo, de muita marcação e objetividade nas conclusões o Grêmio foi o melhor do campeonato durante todo o primeiro turno. Fazendo uma campanha superior a todos os outros anos de pontos corridos. Mesmo com esse desempenho volta e meia o treinador era vaiado no Estádio Olímpico, quando tinha seu nome anunciado pelos alto-falantes.

Já com uma perspectiva de título, o Grêmio tratou de reforçar ainda mais sua equipe e contratou nomes como Souza, Orteman e Richard Morales. E continuou liderando o campeonato por 18 rodadas, mesmo que o desempenho já não fosse o mesmo. Como esse campeonato foi marcado pelo equilíbrio de todas as equipes, os outros times começaram a tirar pontos importantes do tricolor o que possibilitou que outras equipes ameaçassem a sua liderança. O Grêmio agüentou até onde pôde, visto que o time que mais ameaçava era o time que possuía o melhor plantel do país, um dos melhores técnicos, que possuía um grupo experiente e que jogava junto a pelo menos dois anos, o São Paulo. E foi justamente o São Paulo que tirou esse título do Grêmio, na última rodada, com três pontos de diferença. O Grêmio que acabou em segundo lugar com uma vaga direta para a Libertadores, competição tão almejada pelo tricolor. Essa foi a última surpresa do ano.

O novo presidente do Grêmio, Duda Kroeff, eleito em outubro pelo voto do associado, já projeta o ano de 2009. E nesse projeto está a manutenção do treinador Celso Roth e a formação de uma grande equipe para a disputa da Libertadores da América. As especulações em torno dos jogadores que podem ser contratados pelo tricolor são grandes. Nos últimos dias nomes com Washinton, Wellinton Paulista,Ruy,Durval,Jadílson e Felipe foram considerados os preferidos pela direção do Grêmio. De certo mesmo, só a venda do garoto Rafael Carioca pro R$12,7 milhões para o Spartak Moscou da Rússia. De acordo com o diretor de finanças do clube, Túlio Macedo “com a venda do Rafael o Grêmio ficará com um déficit de zero e ficaremos com um patrimônio líquido muito bom”. Outros nomes como Léo e Fellipe Mationne também têm propostas e podem deixar o Olímpico, mas Túlio Macedo garante que“ se sair mais alguém será só mais um”.

Outra questão abordada por Kroeff foi a montagem da equipe para a próxima temporada. A permanência do técnico Celso Roth é uma das prioridades do novo presidente: “O Grêmio tem uma comissão técnica que eu confio. A intenção do Celso Roth é permanecer no Grêmio. Ainda faltam alguns detalhes para a renovação, mas acredito que vamos acertar nos próximos dias”, disse o presidente eleito. Sobre os atletas, Duda acredita que a base para a próxima temporada já está montada: “Todos os jogadores estão com vontade de jogar a Libertadores e eles se sentem bem no Grêmio, gostam da torcida. Vamos trazer reforços para os setores onde a gente realmente precisa. Estamos pensando em termos de mecânica de funcionamento de time”, afirmou Duda, que gostaria de subir para a pré-temporada em Bento Gonçalves, no dia 8 de janeiro, com o grupo de jogadores completos para a disputa da Libertadores: “Isso é impossível, pois nós certamente teremos jogadores chegando durante a pré-temporada e até mesmo durante as competições”, disse.

O Grêmio que começou 2008 desacreditado e com maus resultados, termina ano aplaudido de pé pela sua torcida e com o reconhecimento do país inteiro pelo bom trabalho realizado. Mas o Grêmio é Grêmio porque nunca se contentou com vices e classificações, e sua torcida anseia por uma grande temporada em 2009 que pode resultar na libertação da América pela terceira vez. Só o tempo irá dizer!




Matéria feita pelo colega Conrado Gallo.

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